UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ARTES, FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS.
DEPARTAMENTO DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS
COORDENAÇÃO DE ARTES CÊNICAS
NÁDIA YOSHI RIBEIRO HIGA
Relatório de Estágio Supervisionado IV
Como se dá o aprendizado? Qual o real desafio de se dar aulas? O que se quer?
Uberlândia
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Sim. Sei que demorei e que ainda estou demorando para escrever esse relatório final, mas por quê? Preguiça? Desorganização? Falta de comprometimento? Qual o real valor dessa disciplina em minha vida? Qual a relevância das minhas presenças em sala? Por que tantos atrasos? Tantos descompassos? Tantos “deixa... deixa... não vou me matar”?
Sim. Tenho que sentar. Ler. Revisitar vários lugares onde estive durante esse semestre, mais especificamente nessa disciplina. Apesar de saber que esse foi o semestre mais aglomerado de minha vida no qual tudo foi uma coisa só. Sem muitas repartições. Ambigüidades. É. Talvez tenha sido isso. Posso até ter ficado mas já querendo ir. Por conta da mobilidade internacional. Será? Não estive presente?
Sim. Estive. E agora me lembro de uma aula muito específica na qual esse instante de realidade se instaurou.
O DIA DO QUERÔ
Foi em uma sexta-feira. Como de costume nossas aulas aconteciam. Antes de uma das apresentações do “Carícias”. Claro. Já que ficamos o mês todo de abril em cartaz. Foi. É. É um filme muito forte. Mas mais que ele é a documentação das oficinas. É. Foi por isso que assistimos ao DVD. Pessoas foram transformadas. Mexidas. Modificadas por uma vivência. Uma vivência artística. O único comentário do grupo nesse dia foi: “É muito perigoso”. Só.
Só? Talvez para as outras pessoas presentes naquela sala sim. Mas eu me toquei. Eu queria mais discussão. Mas ao mesmo tempo eu não consegui falar direito e as pessoas não pareciam interessadas. Todas já se aprontando para irem embora. E eu querendo ficar. Sentir como, de fato, aquilo tudo que eu tinha assistido tinha chegado em mim. Queria gritar. Mas parecia completamente sozinha entre três pessoas tão próximas.
As oficinas realizadas para a montagem do filme. As pessoas que foram invadidas. Os problemas das oficinas. Como se dá o aprendizado? Qual o real desafio de se dar aulas? O que se quer?
Acredito que consciente ou intuitivamente instigada por essas perguntas que surgiram em sala de aula é que pretendo esboçar meu percurso. Começando pela última pergunta inicio meu relato com meu “plano de oficinas”. Ou seja lá qual nome se dá a um desejo escrito e enquadrado numa forma de organização.
Um plano. Um desejo escrito.
Objetivo Geral: ampliar a consciência e a expressão corporal dos alunos para suscitar o conceito de presença cênica. (Grande ilusão que se consegue isso num semestre. Menos que isso. Mas. Não é proibido sonhar.)
Objetivo Específico: exercitar alongamentos, prática de eutonia, encontro de ressonadores, criar resistência corporal e conseguir construir, com esse trabalho, uma cena a ser apresentada no final do semestre. (Acredito que ficou a desejar a prática de eutonia. Além de um maior link dos exercícios com a cena. É. Acredito que muitas vezes isso também aconteceu na minha prática enquanto atriz. Como ser diferente?)
Justificativa (Ela deveria vir antes dos objetivos? Assim mesmo está bem.): meu processo enquanto artista-docente vem se construindo desde Estágio Supervisionado I a cerca do estudo corporal (entende-se principalmente ósseo, muscular e fonador). Ele tem sido gratificante e frustrante concomitantemente, por diversos motivos: entre eles a falta de tempo para um estudo mais aprofundado tendo em vista que não consegui dar continuidade a nenhum trabalho para além de um semestre. Sendo assim não encontro nenhuma outra “vertente teatral” na qual sinto-me disposta e segura para trabalhar. (E desejo que essa “disponibilidade” jamais termine. Apesar de todas as pedras no meio do caminho. Gosto do estudo de corpos.)
Atividades Planejadas: exercício de consciência (eutonia e alongamentos) e expressão corporal (estímulos imagéticos e princípios de Suzuki). Pretendo desenvolver/coordenar um estudo de pesquisa sobre o corpo no qual cada indivíduo é responsável por suas descobertas e possibilidades corporeovocais. As aulas serão planejadas por semana de acordo com o desenvolvimento das mesmas.
Recursos necessários: alunos e professor - ENCONTRO (Óbvio. Óbvio nada! Tiveram dias em que os alunos não estavam. E dois dias em que o professor. No caso, professora. Eu. Não compareci.). Sala (5O – 3M – 3Q). Fita crepe. Lençol. Som. Papelaria (lápis, canetas, canetinhas, papéis).
Bibliografia (nomes que acompanham meu trabalho): Tadashi Suzuki, Gerda Alexander, Fernando Aleixo, Eugênio Barba.
Vontades por vontades. O que fazer com tudo isso? Fazer com que a tinta saia do papel e se torne palpável em corpos humanos? Vamos às aulas. A certeza do que se quer fazer. Mesmo que não se saiba exatamente como. Sem mencionar o começo do semestre já frustrante no qual eu, mais uma vez, não consegui dar continuidade ao trabalho do semestre anterior.
Sim. Aulas. Melhor. Oficinas. Oficinas na UFU para adultos. Adultos. Pelo menos com eles eu consigo pensar melhor o plano.
Neste momento eu me perco. Devo colocar todos os relatórios e planejamentos de aulas como costumava fazer? Será que os tenho TODOS e em ordem aqui comigo? Deveria ter... Sim. Esse semestre parece que foi um pouco mais desorganizado. Preciso encontrar culpados para isso? Não sei se o nome seria “culpados”. Mas acredito que devo expressar alguns pontos dos porquês que isso possa ter acontecido. Tenho essa necessidade. E que fala também um pouco sobre a conversa no dia da avaliação oral com a professora ministrante dessa disciplina. Acredito que sejam apenas hipóteses.
Talvez eu tenha estado aqui, quase que não estando – motivo: mobilidade internacional (fato já comentado anteriormente nessa escrita). Desestimulo da prática pelas colegas de turma que sempre pareciam cansadas e mal comentavam como suas práticas estavam se dando. Pelo menos não comigo. Havia sempre dificuldade e parecia ser um processo tão sofrido. E uma não rigidez de cobrança por parte da professora. Tanto nas conversas e possíveis debates em aula como de relatos das práticas.
É acredito que sou dedicada. Mas que as pessoas que convivem comigo também têm suas responsabilidades nisso. Não digo que não fiz as anotações ou participei das atividades por que as minhas colegas não fizeram. Sei que tenho que fazer as coisas por mim mesma. Nessa disciplina. Que já é tão complicada pra mim. Alguns incentivos poderiam sim ter me instigado mais.
Fiz uma avaliação dizendo que a convivência com a professora foi ótima pra mim. E foi mesmo. Eu sou exigente. E isso me deixa muito atarefada. Em demasia. Eu. Nádia. Preciso sim encontrar um equilíbrio maior na minha vida. Nas coisas que faço. Mas. Agora. Depois de algum tempo passado. Avalio também que essa paciência adquirida. No fato de deixar muito que as coisas aconteçam por si e não cobrar tanto delas pode ter prejudicado o meu desempenho acadêmico. Tenho sim data. Tenho sim que fazer bons trabalhos. É pra isso que estou aqui. O tempo. O tempo de maturação de um aprendizado não é o tempo do semestre. Tenho que adaptar algumas coisas. Apenas estou pensando nisso agora. Pensando no que poderia, eu, ter feito de melhor. Poderia ter sido mais rigorosa. Por mim mesma.
Qual será a melhor forma para o meu aprendizado? Nesse semestre vivi um processo diferente dos outros. E agora? Será que eu não tenho dedicação própria para um fazer? Devo ser incentivada para que ele se dê rigorosamente? A professora tem consciência da sua metodologia? Eu, com certeza, não tinha? Perguntas. Perguntas que agora busco respostas.
Vou fazer da forma que AGORA acredito ser a melhor. Mesmo que isso me deixe louca. De tantos detalhes. Aos poucos as coisas podem ir se modificando. Tende-se a virem os planejamentos seguidos de minhas escritas de impressões.
O primeiro encontro (09/03/10) deu-se no corredor do Bloco 3M pois apenas introduzi, verbalmente, o que seria trabalhado nas aulas. Sugeri. E as pessoas aceitaram que fossemos ao teatro assistir ao espetáculo da “Mostra Nacional de Teatro de Uberlândia - 2010”.
Encontro: AQUI
Local: sala do 5O
Data: 16/03/10
v Alongamento direcionado – 1hora
v Espreguiçamento com voz (todos deitados no chão, ampliação de kinesfera e variação de níveis, acompanhados de uma canção: “Iaiá me dá seu remo...”) – 15 minutos
v Coreografia de contato com chão (sequência de movimentos nos níveis baixo e médio, com contagem de pulso – andamento) – 1 hora
v Escrita de impressões sobre o encontro e comentários se necessário – 45 minutos
Possíveis problemas: dificuldades nos alongamentos; vergonha de cantar.
Soluções potentes: incentivar verbalmente e esclarecer a importância dos exercícios; cantar junto e explicitar no motivo do canto.
Encontro: A BASE
Local: sala no 5O
Data: 23/03/10
Obs.: depois do primeiro dia percebi a importância de colocar a organização da sala nos planos de aula.
v Retirar as carteiras – 5 minutos
v Alongamento direcionado – 1 hora
v Retomada da coreografia da aula anterior – de 15 a 25 minutos
v Exercícios de ativação da base (exercício que potencializam a percepção sensível da região do baixo ventre): iniciação à parada, abdominal lateral {5 de15}, caminhada com lençol, Suzuki de chão {1, 2 e 3}(exercícios de Suzuki que se faz sentado e dentro de determinadas contagens abrem-se as pernas e os braços em 3 posições diferentes), andar na lateral de caranguejo – 40 minutos
v Tempo para água e banheiro
v Ressonância, articulação das palavras e canto “Capim do Vale...” – 30 minutos
v Um movimento com som que resuma seu estado atual – 20 minutos
v Escrita de impressões – 10 minutos
v Recolocar carteiras – 5 minutos
Possíveis problemas: muita conversa, dificuldades com alongamentos e outros exercícios, falta do lençol para execução de um dos exercícios e tempo de aula.
Soluções potentes: para amenizar a conversa posso falar com eles e colocar uma música, com as dificuldades devo sempre ter paciência e incentivar a execução do exercício, quanto ao lençol não faremos o exercício e ficamos mais tempo no andar lateral colocando suas possíveis variações e quanto ao tempo acredito que a solução mais sensata é a de não atropelar o desenvolvimento da aula, não deixando que ele acelere para o cumprimento do todo planejado nem que ele desacelere pelo possível cansaço.
Cuidados: tolerância com risos e tempos e sempre relembrar os cuidados com os corpos que estão sendo trabalhados.
Material: papelaria, lençol, som, garrafinha de água (para eu não morrer de sede!).
Encontro: A Base II
Local: 3M
Data:30/03/10
Obs.: haviam muitos alunos, então, encontrei a possibilidade de ministrar os encontros na sala de encenação. A aula anterior ficou muito extensa, logo, alguns exercícios foram transferidos para a semana seguinte (essa) já que acredito muito na importância do conteúdo anterior para o desenvolvimento do trabalho.
v Retirar possíveis matérias que atrapalhem a ocupação da sala pelos alunos – 5 minutos
v Alongamento direcionado – 1 hora
v Andar na lateral: caranguejo (pega-pega) – 20 minutos
v Cantar “Capim do Vale...” (música já conhecida pelos alunos) fazendo o exercício acima – 10 minutos
v Lençol sem e com música (exercício de andar com o lençol fazendo resistêcia no baixo ventre, em duplas) – 40 minutos
v Coreografia de contato com o chão – 20 minutos
v Um movimento elaborado que represente seu estado atual com um som – 20 minutos
v Escrita de impressões – 10 minutos
Acredito que os possíveis problemas e as soluções potentes já estão claras no plano da aula anterior.
Essa aula foi assistida pela professora Rose que ministrou a disciplina Estágio Supervisionado IV e fez apontamentos relevantes para o trabalho como a presença da música: afinação e melodia, e a importância de deixar bem explicito para os alunos o porquê de cada exercício.
No dia 06/04/10 não houve aula pois eu fui fazer uma oficina no Ponto de Cultura da Trupe de Truões oferecida pelo grupo sulino Ói Nóis Aqui Traveiz que estava presente na cidade também com o espetáculo “Amargo Santo da Purificação”.
Encontro: A Canção
Local: 3M
Data:13/04/10
Obs.: essa aula foi especificamente preparada para o trabalho vocal uma vez que essa deficiência foi pertinentemente apontada pela profa. Rose.
v Alongamento direcionado com queda e manipulação – 1 hora
v Vibração – 30 minutos
v Canções (3 que já conhecemos) – 20 minutos
v Coreografia mais a tentativa do canto – 1 hora
v Escrita de impressões – 10 minutos
Possível problema: monotonia.
Solução potente: variar andamentos dos exercícios e falar sobre a importância de realizá-los, talvez um atendimento individual mais atento também incentive mais os alunos para que cada um trabalhe dentro de suas dificuldades.
No dia 20/04/10 eu tive um problema de saúde e não pude dar aula. Infelizmente a coordenação não conseguiu avisar a todos os participantes das oficinas sobre o cancelamento. Alguns desses foram à UFU esperaram, não encontraram a mim, nem a informação nenhuma no Bloco e foram embora.
Encontro: Introdução ao Suzuki
Local: 3M
Data: 04/05/10
Obs.: essa aula foi planejada para o dia 27/04/10, mas só aconteceu uma semana depois, no dia 04/05/10 pois na primeira data estava tendo o II Festival Latino Americano de Teatro Ruínas Circulares.
v Alongamento – 30 minutos
v Suzuki (pliês e Básico I introdução do seguinte trecho de um texto trazido por um aluno como acompanhamento do exercício: “Faça uma lista de grandes amigos. Quem você via há dez anos atrás? Quantos você ainda vê todo dia?”) – 1 hora
v Pequeno intervalo (devido ao começo dos exercícios de Suzuki que são muito pesados) – 10 minutos
v Canto(“Hei, hol! Atrelem os bois...”) – 15 minutos
v Criação de uma partitura corporal que fale sobre o texto que trouxe (longa: 5 minutos, com ou sem música) – 1 hora
v Escrita de impressões – 10 minutos
Possíveis problemas: dificuldades acentuadas com Suzuki e criação de partitura.
Soluções potentes: não forçar o Suzuki mais do que REALMENTE a turma agüente e incentivar também fazendo junto a criação das partituras.
É interessante salientar que esse encontro foi pensado, depois do anterior, com um novo questionamento: “Dentro da proposta que pretendo desenvolver, será que os exercícios de voz são eficientes pra todo o trabalho corporal?”
Aqui acredito ser interessante apontar uma das possíveis baixas no número de integrantes dessas oficinas. Devidos os problemas anteriormente citados e a ausência de aulas, uma vez sem aparente explicação (foi quando fiquei doente e tive que ir ao hospital) nesse mês de abril efetivou-se apenas UM encontro!!! DURANTE TODO O MÊS...
Sim, foi uma grande falha. Eu deveria ter, pelo menos, mandado um email para as pessoas esclarecendo alguns acontecimentos. Mas como? Se nem eu mesma estava esclarecida naquela época? Apenas lembro que ficamos um bom tempo sem nos ver. E depois? Sim. Eu poderia ter sido mais eficiente nesse ponto.
Encontro: Engatando na criação
Local: 3M E 3Q
Datas: 11/05/10 e 25/05/10
AAAAAAAAAAAAAAAAAA... mais uma confusão de dias, datas e presenças... olhando assim não dá pra acreditar! Como deixei isso acontecer? Ou como isso foi acontecer sem que eu tivesse controle? Ou, simplesmente, como isso aconteceu?
Obs.: essa aula foi planejada para o dia 11/05/10 na qual esteve presente apenas um aluno não assíduo (Bernardo). Como ele não vinha em muitas aulas e estava com muita vontade de fazê-la, readaptei-a para uma pessoa e executei o plano. Porém acreditava que ela fosse que extrema importância para todos, pois começávamos a entrar num plano mais criativo que desenvolveria a cena final das oficinas. Uma semana depois: 18/05/10 ninguém apareceu para aula (Malditos encontros que não aconteceram! Desistímulo?). Logo, ele foi feito, pela maioria dos alunos freqüentes, se é que assim pode-se chamá-los, apenas duas semanas depois de elaborado.
v Alongamento compartilhado (nunca foi executado, primeiro porque o aluno que fez aula sozinho necessitava, rigorosamente, de direcionamento, e segundo porque já havia passado muito tempo desde a última aula para que os alunos pudessem compartilhar o direcionamento do alongamento, poderiam ter-se esquecido de muitas coisas importantes) – 30 minutos
v Suzuki (só pliês com o mesmo texto da primeira vez: “Faça uma lista de grandes amigos. Quem você via a dez anos atrás? Quantos você ainda vê todo dia?”) – 30 minutos
v Trabalho com o lençol (criação de cinco movimentos que resignifiquem o objeto) – 40 minutos
v Apresentar as movimentações da aula anterior (partituras corporais – NUNCA FOI FEITO ou refeito) – 10 minutos
v Canto (Todas as músicas cantadas até então mais “Flor, minha flor...”) – 30 minutos
v Escrita de impressão – 10 minutos
Possível problema: alunos “travarem”, seja por vergonha ou qualquer outro motivo, no trabalho com o lençol.
Soluções potentes: colocar músicas variadas, fazer junto, sair da sala e deixá-los trabalhar sem que sejam observados.
Encontro: O Som
Local: 3Q
Data: 01/06/10
Obs.: a mudança do local a ocorreu desde a semana passada. Saímos do 3M pois a sala de encenação foi requisitada. Não voltamos para o 3O porque a sala estava sendo ocupada e também porque não gostamos muito dela. Fomos para o 3Q pois descobrimos que caso não houvesse aula na sala que gostaríamos de usar poderíamos ficar e ter aulas sem maiores problemas. No 3Q voltamos a ter problemas com as carteiras. Mas como já somos menos em quantidade de pessoas as empilhamos na sala.
v Alongamento – 1 hora
v Aquecimento com abdominais – 20 minutos
v Ressonância abrindo para projeção e articulação – 40 minutos
v Canções com variações de andamento, ressonadores e ausência de som (também pode ser feito em roda) – 40 minutos
v Escrita de impressões – 20 minutos
Possíveis problemas: não detectados
Encontro: Corpo Total
Local: 3Q
Data: 08/06/10
Obs.: aula pensada apenas para as três pessoas que ainda persistiam em vir a aula, com exceção da professora...
v Correr e cantar (“Hei, hol! Atrelem do bois...”) – 30 minutos
v Lençol (Faby: criar as resignificações com base no texto dela; Malabares e Pedro lembrar a sequência que criaram dando variação entre eles mesmos, velho e crianças em cena) – 45 minutos
v Junção dos trabalhos (dos meninos e Faby) – 40 minutos
v BrainStor (“O que é teatro?”) – 1 minuto (Não foi realizado)
v Escrita de impressões – 20 minutos
Possíveis problemas: cansaço na corrida e no feito da cena.
Soluções potentes: correr junto para incentivar a superação do cansaço e deixá-los o mais a vontade possível para a construção da cena, não deixá-los reclamar e sim propor variações.
Acredito que sobre essa aula eu tenha muito que falar. Primeiro que foi nela que eu descobri que sempre que dou aula estou inteira nesse fazer. Gosto disso. Gosto porque vivo o presente. Existe. Naquele instante. Pessoas que necessitam de minha coordenação para que suas ações se desenrolem. Isso me conecta de uma forma muito intensa com o aqui e agora. Satisfeitíssima.
Pena reconhecer isso tão tardiamente. Sou um pouco atemporal. Quando fiz a avaliação oral imaginava que esse encontro tivesse sido MUITO antes. Mas não foi. Pelo menos nesse aspecto de gratificação ele chegou. Ufa! Depois, de um tempo. Pra mim. Ela ficou denominada Aula Catapulta. Pois impulsionou tudo.
Segundo que ela foi planejada para menos tempo pois eu acreditava que esse trabalho fosse cansá-los muito. Engano meu. Conseguimos fazer e refazer vária vezes a cena que os três criaram juntos e ainda suscitar em mim várias questões sobre o trabalho.
A principal. Acredito eu. Foi. Voltando a uma daquelas três perguntas. Lá do começo. “O que se quer?”.
Os três fizeram. Ao juntar a cenas. A escolha de permanecerem com referencias da cultura de massa. Característico da criação dos dois meninos. Desde outra aula. Trouxeram temas comuns e superficiais. E o que fazer com tudo isso? Discutir? Aprofundar sobre os temas? Questionar as escolhas?
A consequência de uma resposta afirmativa para todas essas perguntas poderia levar as oficinas para um caminho não condizente com os meus objetivos inicias. Acredito eu. E que eram muito claros. “Objetivo Geral: ampliar a consciência e a expressão corporal dos alunos para suscitar o conceito de presença cênica”. Decidi.
“Apenas” conversei com eles o que eu achava sobre tudo aquilo. Temas. Ironias. Referências. Mas não me aprofundei nessa discussão. Disse. E pronto. Voltei meu olhar sobre o recorte focado do corpo em cena. Acredito, hoje, que não tenha feito uma má escolha. Não se pode trabalhar tudo em tão pouco tempo. E outra. Quanto menos frustrada. Melhor.
Outra coisa. Não ter medo de às vezes dirigir a cena. Estamos “fechando” um trabalho. Isso também é possível de acontecer. Exerço um olhar de fora.
Encontro: Decupagem da cena que passou a ser “Penúltima aula ... RENDIMENTO!”
Local: 3M
Data: 15/06/10 (No dia do jogo do Brasil!!! Até parece... nenhum aluno veio... ÓBVIO! Mais um dia que não aconteceu! Logo, aula executada dia 22/06/10. para piorar a situação apenas a Faby veio porque os outros dois estavam estudando para uma prova que teriam no dia seguinte.)
v Aquecimento (sequência de abdominais ressonando) – 30 minutos
v Alongamento rápido (com inventário dos pés a cabeça) – 20 minutos
v Limpeza de cena (Separada em várias etapas. Uso eficaz das carteiras para separar a sala no momento dos trabalhos individuais) – 2 horas
o Todos passam a cena juntos para recordarem
o Faby: pensar muito sobre “O que é o masculino em meu corpo?” e refazer todos seus movimentos
o Pedro: pensar em expansão de movimentos, maiores, que ampliem a kinesfera.
o Malabares: pensar muito sobre “O que é o feminino em meu corpo?”, não racionalizar os movimentos, fazer mais rápido, imaginar situações, instaurar climas.
o Repassar a cena depois dos trabalhos individuais.
v BrainStor (“O que é teatro”) - 1 minuto (Não aconteceu, de novo. Acredito que com o desenrolar das aulas não foi mais relevante executar esse exercício. Apesar de ser já a segunda vez que ele aparece num planejamento.)
Possíveis problemas: desconcentração pelo trabalho individual, cansaço da repetição.
Soluções potentes: fechar uma roda de conversa sobre todos para depois trabalhar individualmente ou escrever ou desenhar passo-a-passo da cena. Oferecer um intervalo, distrair, fazer a coreografia.
Acredito que essa tenha sido a última aula. De fato. Depois apenas nos encontramos momentos antes da apresentação da cena. No que seria o último dia de encontro (29/06/10) eu não pude estar presente pois estava auxiliando na montagem de luz das cenas de resultados de disciplina. E os meninos não podiam ficar mais de 1 hora e meia pois ainda estavam tendo prova. Complicado. Mas eu também não poderia fazer milagre de modificar muita coisa já que iríamos apresentar no dia seguinte.
Essa também é uma história que acredito ser importante ser aqui relatada, pois eu REALMENTE gostaria de ter apresentado o trabalho no “Encontrão” já que esse era o espaço ideal.
Uma das três pessoas que ficaram até a conclusão da oficina foi o Pedro. Ele tinha um compromisso no final semana do Encontrão. Então. Estávamos tentando procurar a melhor forma de apresentação. Eu disse pra ele: “Não pode ser de manhã, então? Ai, você viaja a tarde. Vai ser dia 2, no sábado.” Engano! Sábado seria dia 3. Ele ficou com o dia 2 na cabeça e planejou tudo para apresentar na sexta-feira.
Na terça-feira do dia 29/06 que não teve encontro, em nossa conversa que fomos perceber que havia tido essa falha de comunicação. Então. O que fazer? Encontramos uma solução: apresentar no dia seguinte. Era o único horário em comum que todos tínhamos. Conversei com a Rose. Tudo bem. Ufa! Ainda bem.
Apresentamos. Um número bom de pessoas do curso viu. Elas estavam esperando o próximo evento da Semana de Encerramento do curso. Depois abrimos para perguntas. Acredito que todos ficamos satisfeitos.
Duas coisas que eu gostei muito da breve conversa final: uma pergunta sobre o que havíamos trabalhado, como eu havia pensado os princípios das oficinas; e o espanto de um dos estudantes mais novos do curso ao ouvir uma resposta negativa da pergunta “Você usou viewpoints também, né?”. Sim. Eu não trabalho apenas com vps! Como disse no começo desse relatório: meu estudo é do/com os corpos.
Durante as oficinas nós não chegamos ao alongamento compartilhado apenas porque tiveram muitas interrupções. Hoje acredito sim que as pessoas que participaram da oficina possuem, no mínimo, uma consciência corporal para se alongarem sem se machucarem.
Risos e brincadeiras foram constantes durante as terças-feiras a noite nas quais estivemos juntos. Não acredito. De forma alguma. Que isso tenha atrapalhado o desenvolvimento do trabalho. Pelo contrário. Diante do trabalho proposto. Que é fisicamente difícil. Os momentos de descontração ajudavam na continuidade do mesmo. Quando risos e brincadeiras eram demais eu falava. Mas isso aconteceu apenas duas ou três vezes.
Uma coisa das sextas-feiras. Gostei muito de ter lido “A paixão de Conhecer o mundo”. Foi um livro muito inspirador que apresenta uma forma conjunta no que diz respeito á construção do conhecimento. As vontades é que movem o mundo. Querer conhecer é essencial. Ter curiosidade. Perceber que as áreas de conhecimento dialogam diretamente talvez seja a chave de todo aprendizado. A não fragmentação pra um entendimento é muito mais prazerosa pois não existe nada que não se queira saber. Uma coisa leva á outra. Pra mim isso é pesquisa. É um entendimento da vida!
Vida essa (parte da minha) que aqui foi transformada em palavras. Na tentativa de uma comunicação mais exata. Precisei sim me organizar em datas. Acho que isso me orienta. Precisei falar mais detalhadamente. Para entender melhor. E deu trabalho. É. Era um trabalho mesmo que deveria ser feito, não é?!
Não acredito que o começo dessa escrita tenha sido uma má avaliação. Foram apenas sensações. Questão que me vieram ao observar as práticas desse Estágio IV. E que... ainda bem... moveram-me a essa escrita. Com apontamentos do Hoje sobre Um tempo que passou. Exercendo um olhar atento. Percebendo outras coisas sobre o TODO e não mais mergulhada num processo. Com distanciamento. Respirando. Tempando...
Seguem as escritas de impressões do estudantes por aula (Sim. Mais uma falha! Eu deveria ter tido um olhar mais atento ao que eles escreveram. E escreviam aula á aula.)
Aqui
A Base
A Base II
A Canção
Introdução ao Suzuki
Engatando na criação
O Som
Corpo Total
Decupagem da cena
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